Este dino carnívoro, cujo nome significa "nobre" em tupi e a espécie "limai" homenageia o pesquisador Murilo de Lima, ...

Angaturama limais

 

Este dino carnívoro, cujo nome significa "nobre" em tupi e a espécie "limai" homenageia o pesquisador Murilo de Lima, viveu há cerca de 110 milhões de anos durante o #Cretáceo, no nordeste.


O Angaturama foi um dinossauro predador que habitou o Brasil durante o período Cretáceo, cerca de 110 milhões de anos atrás. Ele tinha um focinho longo, semelhante ao de jacarés, com dentes e garras propícias para caçar seu alimentos favorito, os peixes.  

CLASSIFICAÇÃO:

FILO: CORDADO
CLASSE: REPTILIA
SUPERORDEM: DINOSAURIA
ORDEM: SAURISCHIA
SUBORDEM: TEROPHODA
SUPERFAMÍLIA: MEGALOSAUROIDEA
CLADO: MEGALOSAURIA
FAMÍLIA: SPINOSAURIDAE
SUBFAMÍLIA: SPINOSAURINAE
GÊNERO: ANGATURAMA
ESPÉCIE: ANGATURAMA LIMAI


DESCOBERTA:

O material fóssil do Angaturama consiste apenas na parte frontal da maxila, com apenas 19 centímetros e incompleta, no caso, quebrada e separada do crânio. Sua origem é a Chapada do Araripe, provavelmente a porção sul do estado do Ceará, pertencente ao Membro Romualdo da Formação Santana, talvez tenha sido encontrado entre a década de 80 e 90.

Originalmente, ainda em seu nódulo de calcário, ele parece ter pertencido à A. do Vale Martins, cuja única referência está nos agradecimentos do artigo original de descrição do Angaturama. Adquirido provavelmente por meio do comércio ilegal, o nódulo foi doado à Universidade de São Paulo por Martins, algo que não passou desapercebido pelo pesquisador Murilo Rodolfo de Lima que, em 1991, alertou o paleontólogo Alexander Kellner da existência do material.

Após análise do fóssil e comparação com outros estudos, além de dicas de outros pesquisadores, em 1996 Kellner e o paleontólogo Diógenes Campos descreveram e batizaram o Angaturama, o quarto dinossauro brasileiro e o primeiro para a Formação Santana até então. Contudo, toda a história que envolve o Angaturama está intimamente ligada a outro dinossauro, o Irritator.

Interessante observa que, meses antes da divulgação oficial do Angaturama, outro dinossauro brasileiro, o Irritator, também foi descrito, mas por pesquisadores estrangeiros. Dessa forma, o Irritator é que seria o quarto dinossauro do Brasil a ser descrito e também o primeiro para a Formação Santana. A questão principal está no fato do Irritator também ser um espinossaurídeo e, talvez, ambos sejam a mesma espécie, embora alguns paleontólogos discordam dessa hipótese.

ETIMOLOGIA:

O espinossauro foi batizado de Angaturama limai, o nome do gênero origina-se do Tupi antigo, cujo significado é nobre. O nome da espécie é uma referência e também uma homenagem à Murilo Rodolfo de Lima, importante pesquisador e paleontólogo brasileiro, falecido na década de 90, visto que foi por indicação dele que os paleontólogos estudaram o fóssil da espécie.


O DINOSSAURO:

​A aparência física do Angaturama é incerta, afinal apenas uma parte do focinho foi encontrado. Neste caso entra as comparações com outros tipos de espinossaurídeos conhecidos, sendo os mais famosos o Baryonyx da Europa e o Espinossauro, antigo predador da África, que deu nome ao grupo. Também se utilizou como referência fósseis de espinossauros encontrados na Chapada do Araripe, que permitiram aos paleontólogos tentarem reconstruir uma imagem mais fiel da aparência física do Angaturama.

Importante observar que esses dinossauros terópodes tinham como característica marcante um focinho alongado, o que lhes dava uma aparência crocodiliana e algumas espécies tinham um vela em arco extensa nas costas, formada pelos ossos das vértebras dorsais, cujo a função ainda não foi esclarecida. As dúvidas quanto a essa família ocorrem porque algumas espécies tem poucos fósseis bem preservados e, boa parte deles, eram materiais muito incompletos, como o caso do Angaturama.

Atualmente os cientistas tem uma visão em desenvolvimento de como seria o Angaturama: animal bípede, com focinho alongado, por volta de 75 centímetros, seu comprimento total até a ponta da cauda devia chegar aos seis metros e a altura de até dois metros, talvez possuísse uma pequena vela nas costas, de forma bem discreta, porém ainda é incerto essa informação. A vela nas costas são um alongamento das vértebras, recobertas de uma fina pele e sua função ainda está sendo debatida por pesquisadores, podia ser usada pelo réptil tanto para fins de acasalamento ou para manter a temperatura do corpo. Os dentes eram finos e arredondados, propícios para a captura de animais aquáticos, mais escorregadios e esquiou.


DINOSSAURO SEMIAQUÁTICO:

​A dieta do Angaturama é associada à piscívoria, não apenas pelas características associadas à espécie, mas também por outras descobertas paleontológicas. De início, é importante observar que na época em que se descreveram o Barionix, também se noticiou a presença de restos fossilizados de peixes e escamas no estômago do predador. Outro ponto está no fato do Angaturama ter vivido numa região muito próxima à recém-nascida costa do Oceano Atlântico, que ainda era um mar raso e com inúmeras lagoas se formando a medida que o continente se afastava. Ora, também existe o fato de que a região da Chapada do Araripe, local da descoberta do Angaturama, era muito rica em diferentes espécies de peixes pré-históricos.

Claro que a dieta poderia variar, desde pequenos répteis, o Angaturama talvez caçasse também pterossauros e outros dinossauros, sendo um dos maiores predadores costeiros do Brasil pré-histórico. Mas a grande descoberta que permitiu catalogar este espinossaurídeo como semiaquático ocorreu graças a um estudo de uma tíbia incompleta, descoberta no Membro Romualdo, estado brasileiro do Ceará. Após uma tomografia computadorizada, paleontólogos brasileiros e também estrangeiros, descobriram não só se tratar de um fóssil de espinossaurídeo, como também de que ele era muito denso, algo incomum para dinossauros predadores, que haviam evoluído para terem ossos mais leves.

Em tese, pode-se afirmar que os ossos dos espinossauros foram engrossando novamente, uma fato observado atualmente em mamíferos costeiros e que tem a função de facilitar o nado. De modo geral, o Angaturama já era um animal familiarizado com ambientes aquáticos, nadando com facilidade sem a necessidade de estar apenas à margem de lagos, rios e mares. Isto indica que ele era um predador que estava bem mais adaptado àquele ecossistema e que seus parentes próximos também estariam.  


CONTROVÉRSIA:

​Segundo constatado pelos paleontólogos, o fóssil do Angaturama provém do Membro Romualdo, uma das subdivisões da Formação Santana localizada na Chapada do Araripe, no Nordeste Brasileiro. Seu local exato de origem é desconhecido, todavia graças aos estudos geológicos tem-se conhecimento que o Angaturama viveu entre 125 e 100,5 milhões de anos atrás, durante o Período Cretáceo, entre as eras do Albiano e Aptiano.

A descrição oficial ocorreu em 1996, um mês depois que paleontólogos estrangeiros descrevessem o Irritator, proveniente também de local desconhecido porém da Chapada do Araripe, comprovado por análise geológica. Em 2002, o Irritator foi reconhecido como um espinossaurídeo e o Angaturama passou a ser reconhecido como sinônimo do mesmo. Isto acontece porque quando duas espécies são batizadas ao mesmo tempo, prevalece àquela descrição apresentada primeiro, no caso o Irritator.

Contudo, especialmente para paleontólogos brasileiros, a validade do Angaturama como espécie ainda deveria ser observada. Não apenas porque os fósseis das duas espécies são de partes diferentes do crânio mas, ao que parece plausível, uma demonstração de insatisfação dos paleontólogos do Brasil diante do extravio de fósseis, que acabou por invalidar uma pesquisa brasileira sobre um dinossauro do seu próprio país.

Em 2005, os pesquisadores Elaine Batista Machado e Alexander Kellner fizeram um estudo validando o Angaturama, observando que o mesmo seria um réptil diferente do Irritator. No ano de 2007 um estudo identificou diferenças no tamanho dos dois dinossauros, sendo o Angaturama maior que o Irritator. Já em Maio de 2009, uma réplica do Angaturama foi montada no Museu Nacional, no Rio de Janeiro, baseando-se em novas descobertas na Chapada do Araripe, na qual se recuperou o correspondente a 60% do esqueleto Angaturama, entre elementos dos membros inferiores, vértebras sacrais e caudais. Ainda assim, boa parte do meio acadêmico desconsidera a espécie Angaturama e válida o Irritator, sendo que o debate se concentra mais em entre paleontólogos brasileiros.

A situação é bem complicada, afinal não se pode afirmar que os restos fósseis correspondentes àquela porcentagem encontrados são de algum Angaturama, já que eles podem ser do Irritator, ou até de algum novo espinossauro desconhecido da ciência. Somente com a descoberta de um crânio completo, e em bom estado, se poderá chegar a uma conclusão final da validade do Angaturama enquanto uma espécie de dinossauro e não um sinônimo do Irritator. 

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