Erupções vulcânicas gigantes, ocorridas há 66 milhões de anos no território da atual Índia, contribuíram para a extinção em massa dos dino...

Investigador conclui que erupções vulcânicas contribuíram para o fim dos dinossauros



 Erupções vulcânicas gigantes, ocorridas há 66 milhões de anos no território da atual Índia, contribuíram para a extinção em massa dos dinossauros, revela um estudo internacional de um investigador da Universidade de Coimbra.


Em comunicado enviado à agência Lusa, a Universidade de Coimbra (UC) sustenta que o novo estudo, liderado pelo investigador Eric Font e que incluiu também cientistas alemães, suíços e chineses, "confirma a tese de que erupções vulcânicas gigantes contribuíram para a extinção em massa dos dinossauros".


De acordo com a nota da UC, o estudo "acaba de ser publicado na prestigiada revista científica Geology e promete reacender o debate junto da comunidade científica".


O comunicado lembra que a causa da extinção em massa de espécies terrestres e marinhas, incluindo os dinossauros, no período Cretácico-Paleogénico, "tem sido um tema muito debatido entre a comunidade científica internacional".


"Durante várias décadas prevaleceu a teoria de que foi o impacto de um meteorito (...) na Terra que provocou a extinção em massa dos dinossauros e de outras espécies. No entanto, na mesma época [há 66 milhões de anos], houve erupções vulcânicas de dimensões gigantescas, na província magmática [vulcânica] do Decão, na atual Índia, que poderiam ter contribuído também, ou até principalmente, para a extinção em massa", afirma Eric Font, citado na nota.


Porém, o investigador e docente do Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) assinala a dificuldade em se conseguir "datar com precisão" as erupções ocorridas no continente "através do registo paleontológico e da camada de irídio (elemento químico raro na Terra, mas abundante em meteoritos), essencialmente preservada em sedimentos marinhos".


Essa situação gerou diversas questões, nomeadamente se a atividade vulcânica começou antes ou depois da extinção em massa dos dinossauros, se teve impacto global no planeta, no clima e na vida terrestre.


Origem de mercúrio é a "chave"


Outro estudo, realizado em 2016, também por uma equipa liderada por Eric Font, "demonstrou que o vulcanismo do Decão se iniciou antes do impacto do meteorito e permaneceu durante e após este impacto", refere o comunicado da UC.


Esta descoberta baseou-se em "quantidades anómalas de mercúrio" registadas nos sedimentos marinhos da cidade de Bidart - localizada no sudoeste de França, na zona dos Pirenéus Atlânticos, junto à fronteira com Espanha - "onde estão preservados os sedimentos correspondentes ao período do Cretácico-Paleogénico", explica Eric Font.


"Este afloramento é conhecido mundialmente por ter preservado a famosa camada de irídio que foi depositada pelo meteorito que supostamente matou os dinossauros", adianta.


O investigador frisa, no entanto, que, na Terra, o mercúrico "é produzido essencialmente por atividade antropogénica [derivada da atividade humana] ou pelo vulcanismo", sendo que o estudo de 2016 abriu um debate, porque os meteoritos também podem conter "quantidades significativas" de mercúrio.


De acordo com o comunicado, "para esclarecer as dúvidas", a equipa liderada por Eric Font voltou a estudar, ao longo dos últimos três anos, os sedimentos marinhos de Bidart "usando novas técnicas (...) que permitem identificar a fonte do mercúrio".


"Os resultados agora publicados na Geology demonstraram uma origem vulcânica" para o mercúrio localizado na cidade francesa, "através da sua emissão para a atmosfera e posterior deposição dos sedimentos".


Assim, acrescenta a nota, os resultados obtidos "confirmam que as erupções vulcânicas do Decão tiveram início antes de um meteorito ter colidido com a Terra, antes da morte dos dinossauros, e continuaram depois. Ou seja, o vulcanismo do Decão pode ter sido uma das principais causas para a extinção dos dinossauros", assegura Eric Font.


Acrescenta, por outro lado, que o "supervulcão" do atual território asiático "teve claramente um efeito global".


Por esclarecer permanece a questão se o impacto do meteorito "foi a gota de água que fez transbordar o copo ou foi um evento inconsequente que ocorreu durante uma extinção que já tinha sido provocada pelo vulcanismo", referem os cientistas no estudo.

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