Tyrannosauridae foi uma família de grandes dinossauros terópodes predadores que caçaram na América do Norte e Ásia entre 80 e 66 milhões d...

Quando os tiranossauros chegaram, predadores de porte médio desapareceram

 

Tyrannosauridae foi uma família de grandes dinossauros terópodes predadores que caçaram na América do Norte e Ásia entre 80 e 66 milhões de anos atrás, durante o período cretáceo. Entre os membros dessa família, estão dinossauros famosos, como o Tyrannosaurus (Osborn, 1905) e o Tarbosaurus (Maleev, 1955). É sabido, há muito, que estes animais ocupavam um nicho como predadores de topo de cadeia, ou seja, eram os maiores predadores de seus ecossistemas. Porém, mesmo predadores de topo de cadeia costumam dividir espaço com outros carnívoros menores, que acabam se especializando em outros tipos de presas; mas este não parece ser o caso dos tiranossaurídeos. Analisando os ecossistemas onde os tiranossaurídeos habitavam, outros predadores de médio porte estão ausentes ou possuem números muito pouco expressivos. Mas por quê?

Um estudo de Thomas Holtz, publicado essa semana no Canadian Journal of Earth Sciences, visa tentar responder essa questão. Como disse à revista Phys.org: “No início da história dos dinossauros, na maioria das comunidades, você encontraria um monte de tipos diferentes de carnívoros de vários tamanhos; desde alguns do tamanho de raposas até um ou outro gigante. Então, algo aconteceu entre 95 e 80 milhões de anos atrás, onde vemos uma mudança. Os carnívoros realmente grandes, maiores do que um elefante, como os tiranossauros e seus parentes, tornaram-se os predadores de topo de cadeia, e os predadores de tamanho médio, digamos, carnívoros do tamanho de um leopardo ou um búfalo, se tornaram ausentes ou muito raros”.

Para tentar entender porquê esse tipo de coisa aconteceu, Holtz analisou 60 comunidades de dinossauros, de diferentes épocas, na Ásia e América do Norte, além de classificar os dinossauros carnívoros em de médio porte (de 50 a 1000 kg) e grande porte (mais de 1000 kg). Em 31 das comunidades, tiranossauros não eram os maiores predadores existentes, coexistindo com uma gama de outros carnívoros de médio-porte. Este tipo de comunidade existiu nos continentes anteriormente citados do período Jurássico até o início do Cretáceo (de 201 a 80 milhões de anos). Porém, nas 29 comunidades restantes, datadas do final do período Cretáceo (80 a 66 milhões de anos atrás), os tiranossaurídeos se tornaram os predadores de grande porte dominantes, e os carnívoros de médio porte desapareceram ou se tornaram muito raros.

Quando predadores desaparecem de um ecossistema, isso normalmente ocorre por dois motivos: uma mudança na diversidade de presas e/ou competição com outros predadores. Holtz, então, analisou a diversidade de presas nas comunidades selecionadas, e descobriu que não havia diferença significativa nessa diversidade entre os dois tipos de comunidades. Isso significa que, mesmo os predadores de médio-porte tendo desaparecido, as presas que esses animais caçariam continuavam em equilíbrio no ecossistema e estavam sendo predadas. Mas por quem? A conclusão de Holtz: “Então o que isso quer dizer? Nas comunidades onde os predadores de tamanho médio desapareceram, mas as espécies de presas são igualmente diversas, podemos dizer que ninguém estava atacando essas presas de tamanho médio? Não. É quase certo que não é o caso. É bastante provável que os tiranossauros juvenis tenham assumido o papel ecológico dos carnívoros de tamanho médio desaparecidos”.

Trabalhos anteriores de Holtz e outros pesquisadores já sugeriam que tiranossauros jovens ou sub-adultos seriam mais rápidos do que os adultos, permitindo que caçassem presas de pequeno e médio porte mais ágeis do que as caçadas por seus pais. Assim, jovens e adultos desenvolveriam estratégias de caça diferentes e ocupariam nichos diferentes, impedindo a competição direta por gerações distintas. Neste cenário, conforme os tiranossauros estabeleciam dominância em seus ecossistemas, os jovens tiranossauros teriam competido com outros predadores de médio porte, ocupando cada vez mais esse nicho. Porém, como tal mudança ocorreu em uma lacuna de tempo grande, não se sabe ao certo se os tiranossaurídeos efetivamente competiram com predadores de médio porte, ou se estes teriam se extinguido por outros fatores, com os tiranossauros apenas ocupando os espaços vazios. Para tentar descobrir qual a verdadeira causa, novas descobertas e estudos são necessários.

“Essas interações são importantes para entender como era a vida durante a época dos dinossauros. Mas, de forma mais ampla, ter mais compreensão das mudanças nos ecossistemas e, neste caso, olhar para os predadores e presas de um ecossistema, nos dá uma visão melhor e mais diversificada de como as interações de seres vivos funcionam no mundo, ainda hoje”, conclui Holtz.


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